Mulheres Encadernadoras Portuguesas – Isolda Lino

Sobre Isolda Lino, Artur Portela escreveu num artigo em 1931: <Para Isolda Lino a encadernação é uma arte afim da iluminura. O mesmo recato religioso, a mesma perfeição miniatural, a mesma legenda, a pincel dourado, de gótico sabor. Cada livro acorda nela uma cor e uma expressão diferentes, que, maravilhosamente, se ajustam á interpretação ou à recordação que deles guardamos.>

Isolda Lino nasceu em Lisboa a 26 de Dezembro de 1910 e viveu até aos 98 anos.

Passou muito tempo na Casa do Cipreste  em Sintra, conhecida como umas das obras mais emblemáticas do Arquitecto Raul Lino, seu pai, e casa de veraneio da família. Cresceu envolvida por grupos de pessoas que apreciavam arte nas diversas vertentes.

Casada com o embaixador Luís Norton teve inúmeras oportunidades de vivencia no estrangeiro e como tal, de estar envolvida num ambiente propicio a experiências culturais muito estimulantes.

Não se sabe como desenvolveu o gosto pela encadernação, sendo que apreciava cuidar do livro e de o embelezar.

Teve aulas em Portugal e na Áustria e tornou-se também ela mestre, dedicando-se a ensinar outras senhoras. Participou em exposições em Portugal e no Brasil.

Era uma mulher reservada, muitíssimo educada, elegante e requintada e assumia importar-se com a sua aparência e em saber estar. Sabe-se que gostava de ter razão e defendia as suas convicções.

Primava por fazer bem o que se propunha a fazer, como tal demorava o tempo que fosse necessário para criar. Esta forma de abordar o ofício reflectia-se nos trabalhos que fazia, com muito pormenor e delicadeza. Era também muitíssimo exigente e poderia aparentar alguma austeridade, fruto da sua vida diplomática ao lado do marido.

Para além de encadernar (fazendo todo o processo), Isolda Lino criava também o papel marmoreado e dedicava-se a outras artes, como flores de seda para adornar vestidos, bordados, almofadas, luvas…

Na visita que fiz à Casa do Cipreste tive oportunidade de ver e fotografar alguns dos seus trabalhos e ferramentas, que oportunamente divulgarei.


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